15 de dezembro de 2009

Todo ano, envio nesta época uma espécie de retrospectiva do ano que passou. É nela que eu consigo perceber que os dias passaram voando sim, mas muito coube neles.
E hoje faria tudo igual, descreveria o que aconteceu e o que deixou de acontecer, renovando votos para o ano que vai entrar. Mas em 2009, algo aconteceu que deixou os acontecimentos cotidianos um pouco menores. Ou talvez de escanteio, quando tento organizar minhas memórias dos últimos meses. Em 2009, me tornei mãe.

E isso mudou tudo.

Este ano, eu senti um micro serzinho crescendo dentro de mim, dando leves chutinhos e soluçinhos. E me senti plena. Redonda. Realizada. Realmente a mulher grávida emana algum tipo de energia que faz todos olharem para você e sorrirem. E você quer estar assim para sempre. Até chegar o nôno mês, quando você não quer estar assim por nem mais um dia. Você não dorme, pesa como um elefante e está implorando por qualquer anti-ansiolítico pesado.
Mais eis que num belo dia, nas exatas quarenta semanas, começaram as contrações. Emoção. E dor. Muita dor. Eu, que tinha decidido por parto normal, esperei dezenove horas com as ditas cujas, até desistir de vez e implorar por uma cesárea. E por mais que eu tivesse sonhado durante anos com este dia e o repassado tanto em minhas fantasias, ele foi diferente de tudo o que imaginei. Não há no mundo emoção maior e tão indescritível quanto a de tornar-se mãe. E no dia primeiro de junho eu agradeci ter nascido mulher.

A Taly parecia uma gotinha e era muito mais bonita do que eu sonhava. Tinha sim o rostinho amassadinho, mas era tão, tão linda. Segurar um filho pela primeira vez, sentir seu cheiro, olhar nos olhos são definitivamente momentos que te fazem entender o sentido do mundo.

Os dias na maternidade foram de deslumbramento e passados três dias, era hora de voltar para casa. Maravilhoso. Ou não.
Essa é a parte que esquecem de contar: os primeiros meses. Lá está você, um bagaço sonolento, com hormônios numa dancinha frenética no seu corpo. Dor, sono e um bebê que veio sem manual e chora. Muito. A rotina que você tinha? Esqueça. E admito que isso chegou a causar certo pânico. Sua vida vira de cabeça para baixo, mas aos poucos, você começa a descobrir que ela é muito mais interessante assim.
E vem aquele amor. Aquele que costumam descrever em frases-clichê que são a mais pura verdade. Ser mãe é sim padecer no paraíso, é sim conhecer a pessoa mais linda do mundo, faz sim você entender sua mãe melhor do que nunca, das noites mal dormidas à lembrança do casaquinho naqueles dias que só ela achava estarem frios. Do amor maior do mundo. Do coração que passa a estar fora do corpo. Ser mãe é entender estar completa.
E tudo passou a ser l-i-n-d-o para a mãe babona aqui, encantada com o mundo das fraldas. Me tornei PhD em comportamento de bebês, fico deslumbrada com minha filha descobrindo o mundo e não passo mais um dia sequer sem que algo me emocione.

Em 2009, eu aprendi muito. Amei demais. Me senti completa e confirmei que ser mãe é a maior dádiva que pode existir no mundo.

Minha pequena Taly, você tornou minha vida muito mais animada, emocionante e doce.
Obrigada meu amor, por ter me tornado mãe. Obrigada por me emocionar com suas gargalhadas e descobertas. Obrigada por pedir colo (pois eu adoro te dar), obrigada por sorrir todas as manhãs. Obrigada por me ensinar o que é amor incondicional. Obrigada minha princesa, por ser o sonho realizado da minha vida.

Obrigada Be, amor, por aguentar meus hormônios saltitantes, crises, papos só-sei-falar-do-bebê e soutiens uóduboró beges de amamentação. Obrigada por estar ao meu lado e me achar linda quando eu não estava. Obrigada por me dar o maior presente que eu poderia receber e por me emocionar ao ver a família que formamos. Te admiro. Te amo.

Mãe amada, como eu te entendo agora. Obrigada por ter dedicado sua vida a nós. Amor de mãe é natural, mas todos os cuidados e carinho exigem uma doação enorme. Obrigada pelo amor incondicional, pelas tardes em casa preparando chá quando não me sentia bem. Pela preocupação, pela dedicação e por estar presente em absolutamente todos os momentos da minha vida. Pela noite em claro quando a Taly nasceu e por ter me feito companhia em muitas madrugadas enquanto amamentava. Você me ensinou o que é amor e ele será um presente para nossas próximas gerações.

Queridos, que em 2010 tenhamos sonhos muito doces, pois descobrimos que sim, eles tornam-se realidade.
Obrigada a todos que compartilharam este ano tão especial conosco.

Feliz ano novo!

9 de dezembro de 2009

Ontem, a Taly saiu de casa assim:


Roupinha rosa, florida e com lacinho na cabeça.
E eu tive que escutar: "é menino ou menina?"

Nada de cegonhas desempregadas

No elevador do shopping

- Ai, que linda sua filha
- Obrigada
- Qual o nome dela
- T-a-l-y
- E aí, muito trabalho? Eu quero encomendar o meu para o ano que vem... dá pra continuar fazendo compras com eles, essas coisas?

Então querida, minha filha tem seis meses e eu ainda não consegui. Em poucas tentativas frustradas, ela começou a reclamar ainda quando eu estava na primeira arara. Sabe, quando se sai com bebês, até fazer xixi requer certa logística. Em casa, é meu marido quem ainda está com a incumbência do supermercado. Não é por nada, mas sua vida vai virar de cabeça para baixo e fazer compras será um luxo, com infra-estrutura necessária.

- Ah, um pouquinho de trabalho, mas dá pra continuar sim.

Querida, eu?

Nota: querido leitor, ressalto que não tenho família morando na mesma cidade, nem qualquer ajuda como babá ou afim. Assim, meu caso pode não ser o seu. Não quero ter qualquer culpa na queda da taxa de natalidade no mundo.

Gente, vamos esclarecer: nada de posts dizendo "nossa, deve ser horrível ser mãe, do jeito que você fala". Situações como a acima são cômicas, não trágicas. Sem dramas, please.

8 de dezembro de 2009

Versão 2010

Parece que tudo vai entrando nos eixos. Pequena começou a comer papinhas e adora. Tem dormido durante o dia. Brinca. Fofa demais.
Daí cai a ficha. É chegada a hora da minha vida também voltar aos eixos. Chego no final do dia a-c-a-b-a-d-a e sonhando com uma caminha, mas preciso dar um estalo e me ativar.

Antes da pequena chegar, fazia jantarzinho especial às sextas, escutava música com o marido tomando um copo de vinho, saíamos no sábado para almoçar. Nada extaravagante, simplesmente programas de pessoas normais. Mas desde junho, quando as olheiras passaram a ocupar um espaço maior que o delimitado a elas, qualquer programação que não fosse um soninho, soava como piada.

É hora de mudar. A Nurit-mãe dará lugar à Nurit-mãe-mulher-esposa. Ufa. Cansei.

4 de dezembro de 2009

E após 6 meses, por ter passado a amamentar somente de manhã e à noite, aposentei os sutiens uoduboró de amamentação e voltei a vestir meus lindos, coloridos e rendados soutiens de bojo. Um tantinho apertados, mas estou fingindo que não, tamanha felicidade de poder exibir uma alcinha.

20 de novembro de 2009

Alergia

Acho que já comentei por aqui sobre a alergia da filhota: à proteína do leite. Quando descobrimos, sem teste nem nada, mas com a melhor forma de certificar-se neste caso que era por tentativa e erro (ou seja, fazendo a dieta) achei que seria nossa glória, já que a pequena não parava de chorar.
E eu, por estar amamentando, cortei todos os derivados, todos os produtos que continham caseinatos, lactatos, atos e atos, além da carne vermelha. Ela melhorou um pouco, mas continuava tendo seus acessos de choro.
Falei com uma amiga cujo filho tinha tido o mesmo problema e ela disse que os choros não cessavam taaaanto assim mesmo.
OK.
Mas eis que os sintomas físicos voltaram a aparecer. Resolvi ir numa nutricionista especializada neste tipo de alergia, diferente da que havia ido anteriormente. E não é que a dieta deveria ser muito mais rigorosa? Ou seja, eu me esforçando fazia três meses com uma dieta puxadíssima e ela estava errada. Isso porque existe uma tal de contaminação cruzada, ou seja, paçoca não tem leite, mas é feita no mesmo recipiente que doce de leite. Sushi pode estar 'contaminado' pela mão de cream cheese do sushiman. Resumindo: nadica de nada de comida fora de casa ,de enlatados e temperos ou molhos prontos. Ufe.
Mas o que aconteceu depois disso tudo? Passa uma semana e a filhotinha milagrosamente para de chorar. Vira um anjinho, boazinha e sorridente. Fico com aperto de pensar que neste tempo todo ela estava com algum tipo de dor. Mas agora o que importa é que ela está bem e que este tipo de alergia tem data para acabar, geralmente um pouco após o primeiro ano.

E eu, a sra. organização excel já ando planejando a primeira (e longínqua) festinha lacto-free...

5 de novembro de 2009

Minha. Linda minha.

Pelo título, notem que eu considero esta história de que "filho a gente cria para o mundo" uma bela teoria sem aplicação prática.


22 de outubro de 2009

Planos...

Nada materno o que direi. Mas minha filha sabe que a amo, então licença concedida.
Aqui vão meus singelos planinhos para o dia em que parar de amamentar (o qual já está na agenda de marido que ficará responsável pela noite, madrugada e manhã seguintes).

À tarde, darei uma saidinha e passarei numa loja de vinhos daquelas lindas, pra sommelier nenhum botar defeito. Eu não sou sommelier, mas sei a diferença entre Malbec e Merlot. E comprarei um Merlot. Dos bons (considerando que caiba no meu bolsinho). Depois um pulo no super e uma lata de leite condensado. Lembrem, estou sem comer derivados de leite em função da alergia da pequena.
À noite, após colocá-la para dormir, vou abrir meu vinho e tomar a garrafa i-n-t-e-i-r-a e s-o-z-i-n-h-a, no maior estilo porre mesmo. Mas será na taça e não no gargalo, respeitando o fato de que já beiro os trinta. Para acompanhar, uma panelona de brigadeiro, pra comer de colher. Até passar mal. E fechando com chave de ouro: uma noite sem a menor possibilidade de que eu acorde no meio.
Claro que a combinação pode ser desastrosa, finalizando numa crise tipo: "minha filha não precisa mais de mim para se alimentar". Mas são os planos... E ainda falta um bom tempo.

13 de outubro de 2009

Quando você for mãe...

Podem chamar de fase "nhé, nhé, nhé", mas a verdade é que ando embebecida de instinto maternal e com a certeza de que 'ser mãe' foi o melhor papel que a vida me reservou e que minha pequena Taly proporcionou.

Dá trabalho, dá sim. Mas ser mãe é conhecer o maior amor do mundo, o mais emocionante, o mais intenso e o puramente incondicional.

E quando diziam "quando você for mãe, vai entender", tinham razão. Hoje eu entendo tudo.

26 de setembro de 2009

Padecendo no paraíso

Há um bom tempo não faço pé, mão ou qualquer outra merecida dondoquice. Mas falta de depilação não passa despercebida. Assim, pelo bem da auto-estima e da vida conjugal, resolvi me organizar. Duas semanas atrás, marquei com a enfermeira e hoje, ligo para confirmar:
- Está certo hoje, né?
- Ai, não, não vai dar
%^$#@. Comprometimento? Pra que?

Sem vislumbrar na agenda outro dia num futuro próximo para uma ida ao salão, corro atrás de alguém que pudesse cuidar da pequena. Ninguém. Fazer o que? Ligo po salão:
- Oi, queria desmarcar meu horário, não tenho com quem deixar minha filha
- Ah Nurit, a gente cuida dela
- Tem certeza? Ela é bem chorona
- Claro
- OK

Chego no salão e a legião da boa vontade vem tentar tomar conta da pequena, que anda em crise de "maezite aguda". A primeira não consegue. Nem a segunda. Vem a terceira "deixa comigo, tenho jeito com criança". E nada.
- Nossa, ela é meio brava, né?
Percebendo a meiguice com o eufemismo, concordei "é, um pouco" e preferi não comentar que ela toma camomila três vezes ao dia.

E assim, na cena seguinte, lá estava eu, a depilar com ela no colo, chorando. Pernas abertas, posição ginecológica e virando o torço de um lado para o outro, ninando a filhota enquanto a depiladora puxava a cera. Comentários adicionais? Acredito ser desnecessário.

"Tatazinha, sei um um dia ainda daremos risada desses bailes, tomando chá e comendo um pedaço e bolo numa noite tranquila, em que tenhamos a certeza de que poderemos acordar bem tarde no dia seguinte. E quer saber? Sei que sentirei falta da época em que você era pequenininha e se acalmava no meu colo".

24 de setembro de 2009

As mentiras que as pessoas contam

Você já sentiu em algum momento da vida que deveria estar sendo feliz, apesar de não estar? Que deveria estar sentindo-se esplêndida, quando na verdade está morrendo de medo? Eu já. E por isso o título do post.

Uma das grandes mentiras diz respeito à vida de recém-casada. Todo mundo diz que o primeiro ano é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o. Desculpem, eu achei t-e-r-r-í-v-e-l. Lá estava eu, uma moçoila recém saída da barra da saia da mamãe, numa casa estranha, com um homem dormindo ao meu lado e subitamente tendo que cuidar dos dois. Pânico.
No meu caso, ajudou o fato de estar numa cidade nova e sem um tostão no bolso, no maior esquema "alugamos um filme? Vamos anotar no excel, para não corrermos o risco de não terminarmos o mês". Foi difícil, muito difícil. E bate a culpa, já que eu estava chorando quando deveria estar trep... ops, copulando como uma coelha.
Daí eis que passa. Eis que o segundo ano é bem melhor e no terceiro, daí sim, começa a lua-de-mel.

E daí você tem filhos. A gravidez é a plenitude. O parto, definitivamente o momento mais emocionante da vida. E daí vem a vida real. "Chegamos em casa... e agora?". E agora? Agora você está com seus hormônios dançando frevo, tendo crises convulsivas de choro, com dor dos pontos e sentindo-se um bagaço com a falta de sono. Com medo da responsabilidade, da vida que mudou completamente, com medo. Daí vem alguém e diz: "não é tudo?" e você, para não ser desnaturada responde "ha-hãn". E vai chorar, afinal, você deve ser a única mãe do mundo que não está sentindo-se imediatamente plena. Mentira. Todo mundo sente-se assim. Passa, passa sim... Você amadurece, sente-se mais segura. O bebezinho começa a entender melhor o mundo e logo, daí sim, a maternidade transforma-se na maior benção que uma vida pode ter (obrigada Li, prima querida, por ter me dito isso no início... você tinha toda razão).

Não seria melhor se os conselhos fossem realistas?

Uma peixinha linda

Desculpem, mas agora darei uma de mãe babona mesmo.

Hoje a Taly começou a natação. Uma fofa, de maiô roxo.
Estava um pouco receosa se ela gostaria... afinal, quando não gosta de algo, ela deixa bem claro, em alto e bom som. Mas não é que ela adorou? Bateu perninhas, mergulhou sem chorar e sorriu muito. Parecia uma peixinha de três meses.

Um babador, por favor!?

19 de setembro de 2009

Não existe coisa mais maravilhosa do que descobrir que seu filho é apaixonado por você...

17 de setembro de 2009

Mais um...

Copiado do blog da Mi:

eu quero… dar conta de ser mãe-mulher-profissional-dona de casa
eu tenho… um tesouro. Minha filha
eu gostaria de ter… o prazer de desligar meu celular por um mês inteiro
eu gostaria de não ter… um umbigo que não voltou para o lugar
eu acho… que vi um gatinho
eu odeio… beterraba
eu sinto saudades… do meu avozinho
eu faço… de conta que tudo está sempre bem
eu fiz e não faria de novo… relaxamento capilar. Fiquei três meses fedendo sei-lá-o-que
eu fazia e deixei de fazer… assistia a todos os capítulos de Desperate Housewifes. O último foi tendo contrações antes de ir para a maternidade
eu escuto… Beatles for babies
eu cheiro… antes, a Pleasures. Hoje, a leite misturado com Pleasures
eu imploro… por 10 horas de sono
eu amo… muito. Amor de mãe, amor de paixão, amor de filha
eu sinto dor… de ansiedade
eu sinto falta… de encher a cara e dançar com o marido na sala
eu sempre… fico triste no aeroporto
eu acredito… "just believe, in me"
eu danço… com timidez
eu canto… apesar do marido me chamar de desafinada
eu choro… muito. Nos momentos de alteração hormonal (que antes de ser mãe eu acreditava ser somente a TPM), choro de soluçar. Momento descontrol total
eu luto… por ordem na minha casa
eu escrevo… menos do que eu gostaria
eu ganho… bem menos do que eu gostaria
eu perco… meus óculos ao menos uma vez ao dia
eu estou… realizada, mas com tanta coisa por realizar ainda
eu sou… meiga. Mas forte
eu fico feliz… com banho longo, cheirinho de refogado e casa aquecida
tenho esperança... de um dia descobrir minha vocação
eu preciso... atender a Taly, que acordou agora
eu deveria… já ter desligado o computador e ido atendê-la

13 de setembro de 2009

Querida filha,

O que tem acontecido com suas noites? Justo você, que costumava ser o orgulho de Orfeu.
Meu amor, quatro da manhã não é hora de brincar. Não dá para notar isso pelo meu humor ao entrar em seu quarto neste horário? Aliás, sai leite do meu peito? Achei que meu corpo não funcionasse antes das sete da manhã. E olha que às sete, já foi uma mudança em função do meu amor por você... antes era bem mais tarde.
Você não gosta que a mamãe brinque com você durante o dia e conte historinhas, como do 'Dino, o dinossauro' e do 'Peixinho Dourado'? Pois é meu amor, acordando neste horário, definitivamente ficará difícil.
Daqui a alguns meses, o papai revezará comigo as manhãs de final de semana - apesar dele ainda achar que não (haha) - mas até lá, a exclusividade é minha e a mamãe não pretende ser co-autora do livro "Quem mexeu no meu sono".

Estamos combinadas? Te vejo amanhã às sete?

Com o maior amor do mundo.
Mamãe

12 de setembro de 2009

Meu chaveirinho preferido

Ontem, tontinha do efeito placebo causado pela champagne sem álcool, fui dormir certa de que a pequena esticaria a noite. Engano meu. A madrugada foi de baile e cá estou eu, num porre sem dor de cabeça, mas com um humor daqueles.

Mas a decisão do dia, após uma reunião com clientes num shopping cheio de crianças, é de que a histeria com a gripe suína diminuiu, bem como seus números oficiais. E é chegada a hora de eu, uma autônoma sem licença maternidade e já sem reservas financeiras, voltar à labuta, para tentar curar a deprê que bate cada vez que clico no site do meu banco (medo). E para soltar as amarras de vez, já marquei uma ida a SP, para apresentar a pequena à family e injetar uma dose de vida urbana na veia.

Enfim, está inaugurada a estação de Taly chaveirinho!

11 de setembro de 2009

Antes...

Antes de 01 de junho eu dormia
Antes de 01 de junho eu assistia programas de televisão inteiros
Antes de 01 de junho eu assistia televisão
Antes de 01 de junho eu fazia refeições sem interrupção
Antes de 01 de junho eu tinha as unhas sempre feitas
Antes de 01 de junho eu marcava meus comprimissos de acordo com a minha agenda
Antes de 01 de junho eu tomava café sem ser descafeinado
Antes de 01 de junho eu não passava um dia inteiro em casa
Antes de 01 de junho eu não sabia como uma babá eletrônica pode ser irritante
Antes de 01 de junho eu tinha cheiro de perfume
Antes de 01 de junho eu esperava meu marido sem olheiras
Antes de 01 de junho para sair de casa, bastava fechar a porta e ligar o carro

... E mesmo assim, hoje eu não consigo imaginar como eu podia ser feliz antes deste 01 de junho. Loucura.

2 de setembro de 2009

Malu Mulher

A mão eu não faço a três meses (já estou duvidando se o cheiro de hipoglós nao será para sempre), mas sábado foi um dia chic.
Cabelos arrumados, roupa clara sem medo de manchar de regurgito e sem botões na frente para poder amamentar. Bolsa pequena, onde não precisava caber a girafa de pelúcia e lá me fui com marido a passear enquanto mãe-que-é-mãe cuidava da pequena.

Do alto do meu salto, que não usava a uns dez meses e do qual quase cai umas três vezes, fui ao programão sushi mais supermercado.
Entre as gôndolas eu me achava, assim como quando casei, estilo "sou uma mulher independente". Na época de recém-casada era por pagar a fatura mas agora, por usar calça justa, sapatos lindos e bolsinha pequena, passeando entre as gôndolas dona do meu tempo. Tipo assim, meio ridícula mesmo.

A materidade faz cada coisa com a gente. Mas imagine você, uma semana após dar a luz, descabelada às quatro da tarde, com a barriga que não voltou ao lugar e não contém mais um bebê, curvada pelos pontos da cesárea, com um rímel e tentando sorrir para as visitas e uma querida chega e diz: "nossa, que cara de acabada". Daí vem sua irmã caçula com a pérola "bem que dizem que a mulher fica largada de pois de ter filhos".
Pior, imagine você, sentada num café, três meses depois, já se achando ótima, magra e sem olheiras e outra querida que não te vê faz tempo comenta "a maternidade acaba mesmo com a gente, né?".

Deu para entender o momento saltitante entre embalagens de vinagre e latas de sardinha de maquiagem, calça justa, sapatos lindos e bolsinha pequena?

20 de agosto de 2009

Amigas. E Mães

No café, Má e seu filho Roger, eu e Taly.

Maira: Então Nú, quando o fulano disse...
Roger: Mãe, o que é isso?
Maira: É um cachorrinho, filho
Nurit: E então?
Maira: Daí ele disse que iria...
Taly: Unhéé, unhéé
Nurit: Que foi amor, quer a chupeta?
Taly: Unhéééé
(empurrando carrinho)
Maira: que iria tentar de outra forma.
Nurit: Puxa, e...
Maira: Roger, volta aqui.
Nurit: ... e o que eu tinha para te dizer...
Maira: Roger, já aqui!
Nurit: era que preciso mudar, sabe?
Taly: Unhéé
Nurit: Quer mamar, filha?
(peitos para fora)
Taly: Glub, glub
Maira: Mudar como?
Nurit: Então, estava pensando...
Maira: Roger, já disse filho! Vem ver o livrinho que a mamãe trouxe
Roger: Quero pão de queijo
Maira: Vou pedir
Nurit: Pede uma água?
Maira: ... e então Nú?
Nurit: Putz, preciso ir para chegar a tempo de pegar a empregada em casa
Maira: OK, eu também
Nurit: Estava ótimo nosso papo. Quem sabe continuamos por e-mail mais tarde?
Maira: Até por fax seria mais fácil!

Vida de mãe...

10 de agosto de 2009

Um sábado, um café e um outro eu

Sábado a geladeira estava em crise existencial, caracterizada por um imenso vazio interior. Oba, oba, oba, vou ao super. Marido se ofereceu para as compras e eu quase implorando "não, deixa que eu vou, em nome da sanidade mental da sua esposa".
Dei de mamar e sai correndo, para que desse tempo de fazer tudo. Chovia torrencialmente, mas entrei no meu carrinho, que nem lembrava mais de mim, liguei o rádio com música de adulto, alta e saí dirigindo feliz e contente, como se o dia estivesse ensolarado e eu, a caminho da praia.
No meio da estrada o primeiro sinal. Saudade da filhota. Não, Nurit, força, você está indo de encontro ao mundo.
Paro num café, sozinha e feliz. Peço um descafeinado e saboreio como nos velhos tempos, pequenos prazeres, a la Amélie Poulain. Depois um sanduiche de palmito (amamentar dá uma fome assustadora) e mais um descafeinado. Já me sinto outra, renovada como se tivesse me dado ao luxo de massagens e tratamentos faciais com pepinos nos olhos.
Rumo em direção ao super. L-o-t-a-d-o. Saudades de planejar os cardápios com as frutas e legumes da estação (ou, considerando que moro em Porto Alegre, com o que dou a sorte de encontrar nas gôndolas), mas nenhuma saudade do bate-bate de carrinhos. Faltando uma hora para a mamada, o coração começa a disparar. Pego o que falta e saio correndo. Na estrada, nada de música de adulto. Beatles for babies. E leite descendo. E saudades da filhota. E a certeza de que a vida nunca será mais a mesma, pois sozinha, eu não me sinto mais completa.

4 de agosto de 2009

Não tem preço

- Ver sua filha chorando no colo de alguém, pegá-la nos braços e ela imediatamente parar de chorar (vai dizer que não é bom?!);

- O sorriso dela quando você chega para "salvá-la da fome";

- As gargalhadas para seus amigos do móbile ou sua amiga sorridente Julia (a boneca);

- Sentir a respiraçãozinha ofegante quando ela dorme no seu ombro, esperando o arroto que não vem (mesmo que seja de madrugada);

- As perninhas batendo na água na hora do banho. E ver aquelas coxinhas com dobrinhas. Ui.

3 de agosto de 2009

A opinião não é só minha.

Quando se tem filhos pequenos, pela impossibilidade de sair de casa (êta gripe suína), uma simples ida ao supermercado é a Disney. Um pulinho na farmácia, programão. Fazer a mão então é a glória!

Mas o pior, é que antes de dar as 'três horas antes da próxima mamada', a gente já está morrendo de saudades das nossas coisinhas e voltamos correndo para casa. Até o próximo 'programão'

21 de julho de 2009

Quando estava grávida, sonhava loucamente com comida japonesa. Claro, não podia comer.
Sonhava com sushis e temakis e já havia encomendado ao marido: dois de salmão ainda na maternidade.
Eis que nasceu a Taly, nada de temaki no pós parto, nada de temaki em casa e nada de me lembrar que existia o tal do temaki.
Assim somos, sempre querendo o que não podemos.

Agora descobri que a filhota é alérgica à proteína do leite. Nada de derivados ou carne vermelha por longos meses. E eis que ando sonhando com churrasco e brigadeiro de panela. Vai entender.

9 de julho de 2009


Tudo, tudo vale a pena!

24 horas

O dia começa, eu de pijama, despenteada, trocando fralda. Dou de mamar. Coloco minha filhotinha para dormir. Ela dorme. Acorda. Tiro do berço, nino. Ela dorme. Coloco no berço, acorda. Passa uma hora e ela dorme definitivamente. Eu volto para a cama, dormindo o sono leve que só que já teve uma babá eletrônica no lugar do desperador entende. Dali a algumas horas a história se repete. Depois eu me troco, penteio, passo um rimel para mostrar ao marido "cheiro leite, mas sou vaidosa". Vou trabalhar no computador (nada de licença maternidade). No meio do e-mail, choro na babá. Subo e faço carinho na cabeça. Não é hora de mamar. Ela dorme. Acorda. Dorme. Acorda. Desisto. Levo pro carrinho e aproveito para almoçar, com uma das pernas fazendo o vai-e-vem do carrinho. Ela dorme. Acorda. Hora de mamar. Troco a fralda, dou de mamar. Faço arrotar. Coloco no berço. Dorme. Acorda. Dorme. Acorda. E assim vamos até o final do dia. Marido chega. Banho. Mamar. Dorme. Jantamos. Acorda (sim, no meio do jantar). Dorme. Acorda. Dorme. Ufa. Boa noite.

Por isso queridos amigos, não fiquem chateados se não consigo dar atenção ou retornar a ligação. Quem sabe em breve. Por enquanto, sou 100% Taly.

28 de junho de 2009

Vida com filhos

Conversa na cozinha:

- Be, o que faremos amanhã, para comemorar nosso aniversário de casamento?
- Hummm.... uma sopa?!
Quando somos pequenas, sonhamos ser Cinderela. Quando temos filhos, imaginamos ser Bela Adormecida, nem que por uma noite apenas.

17 de junho de 2009

Já imaginam o motivo do sumiço, não é?

Minha princesa chegou ao mundo no início do mês, no que foi o momento mais emocionante e mais intenso de uma vida. E é aí que descobrimos que qualquer clichê que conheçamos sobre a maternidade cabe como uma luva para descrever o que sentimos.

Em breve volto com mais calma, assim que me adaptar à nova rotina de sono (ou ausência dele), mas por enquanto, estou me inundando de amor incondicional.

22 de maio de 2009

Minha tentativa de ser zen

Tá. A verdade é que a despedida 'pré-maternidade' não está funcionando.

Sou ansiosa demais para conseguir curtir momentos relax em frente à TV. Ontem percorri freneticamente o trajeto quarto-cozinha-escritório-quarto de bebê cerca de cinquenta vezes. Chequei meus e-mails centoevintemilhões de vezes, adiantei até trabalho que não existia, quase acabei meu livro da "Encantadora de bebês", troquei a bateria de tudo que estava ficando sem bateria pela casa, testei a cadeirinha de bebê com 'calming vibrations', andei uma hora pelo condomínio a passos extremamente desajeitados, assisti a vídeos de infância, organizei a lista de supermercado e... nada do bendito tempo passar.

Eu simplesmente não sou 'do lar' e ponto. Ainda bem que mamy chega sábado com promessa de muitas idas a Porto Alegre.

(Sim, eu sei que daqui a alguns dias a chance de eu ler este post e me arrepender de não ter aproveitado o dolce far niente é enorme, mas...)