27 de janeiro de 2010

Bem que disseram...

Bem que disseram que um filho geminiano vale por dois. Bem que disseram para que eu não tentasse engravidar em setembro. Mas ignorando todos os conselhos, lá fui eu. E pimba: uma filha geminiana. Linda, fofa, deliciosa. Mas geminiana.

Eis que hoje, após uma noite (e madrugada) de preocupação pela filhota vir recusando-se a mamar e após abortar, aconselhada pelo marido, a operação rumo ao hospital em plena madrugada, movida por berros estridentes da pequena, fiz uma via crusis por médicos. Num canto da cidade, a pediatra, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, lamentava "minha filha não come, há algo errado". "Nurit, acabo de examiná-la e está ótima". Noutro canto da cidade, a gastro, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, suplicava por uma solução, como uma típica ídiche mama louca e caricata. "Nurit", responde a gastro, "desta vez não é alergia, o caso é simples: sua filha desenvolveu uma característica e tornou-se seletiva".

Resumo da ópera: tenho uma filha de oito meses que decidiu, assim, por conta própria, que pode não ser interessante tomar leite à noite. Afinal de contas, ela exige uma dieta balanceada e precisa avaliar situação a situação, dia após dia. Hoje pode estar a fim, pois cairá bem com a janta de papinha de batatas. Já amanhã pode não combinar com o aipim. Pode?


Fofa da minha vida

Duas estórias

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe ficou muito segura, vendo que sua cria estava em ótimas mãos e feliz, seguiu sua rotina em paz.

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia, a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe não acreditava. Tinha certeza de que sua filha seria daquelas que esperneariam como a suplicar "mamãe, mamãe, volte, não vivo sem você". Mas não, lá estava ela divertindo-se apesar de sua ausência. No carro, ao tentar retomar sua rotina apesar da saudade que esmagava seu coração, sentiu as lágrimas inundarem seu rosto ao pensar em sua filha viajando sozinha, saindo de casa, sendo independente. Aquilo levaria muitos anos, mas o cordão umbilical, gostasse ela ou não, já fora cortado.

Fim. Ou não.