15 de dezembro de 2009

Todo ano, envio nesta época uma espécie de retrospectiva do ano que passou. É nela que eu consigo perceber que os dias passaram voando sim, mas muito coube neles.
E hoje faria tudo igual, descreveria o que aconteceu e o que deixou de acontecer, renovando votos para o ano que vai entrar. Mas em 2009, algo aconteceu que deixou os acontecimentos cotidianos um pouco menores. Ou talvez de escanteio, quando tento organizar minhas memórias dos últimos meses. Em 2009, me tornei mãe.

E isso mudou tudo.

Este ano, eu senti um micro serzinho crescendo dentro de mim, dando leves chutinhos e soluçinhos. E me senti plena. Redonda. Realizada. Realmente a mulher grávida emana algum tipo de energia que faz todos olharem para você e sorrirem. E você quer estar assim para sempre. Até chegar o nôno mês, quando você não quer estar assim por nem mais um dia. Você não dorme, pesa como um elefante e está implorando por qualquer anti-ansiolítico pesado.
Mais eis que num belo dia, nas exatas quarenta semanas, começaram as contrações. Emoção. E dor. Muita dor. Eu, que tinha decidido por parto normal, esperei dezenove horas com as ditas cujas, até desistir de vez e implorar por uma cesárea. E por mais que eu tivesse sonhado durante anos com este dia e o repassado tanto em minhas fantasias, ele foi diferente de tudo o que imaginei. Não há no mundo emoção maior e tão indescritível quanto a de tornar-se mãe. E no dia primeiro de junho eu agradeci ter nascido mulher.

A Taly parecia uma gotinha e era muito mais bonita do que eu sonhava. Tinha sim o rostinho amassadinho, mas era tão, tão linda. Segurar um filho pela primeira vez, sentir seu cheiro, olhar nos olhos são definitivamente momentos que te fazem entender o sentido do mundo.

Os dias na maternidade foram de deslumbramento e passados três dias, era hora de voltar para casa. Maravilhoso. Ou não.
Essa é a parte que esquecem de contar: os primeiros meses. Lá está você, um bagaço sonolento, com hormônios numa dancinha frenética no seu corpo. Dor, sono e um bebê que veio sem manual e chora. Muito. A rotina que você tinha? Esqueça. E admito que isso chegou a causar certo pânico. Sua vida vira de cabeça para baixo, mas aos poucos, você começa a descobrir que ela é muito mais interessante assim.
E vem aquele amor. Aquele que costumam descrever em frases-clichê que são a mais pura verdade. Ser mãe é sim padecer no paraíso, é sim conhecer a pessoa mais linda do mundo, faz sim você entender sua mãe melhor do que nunca, das noites mal dormidas à lembrança do casaquinho naqueles dias que só ela achava estarem frios. Do amor maior do mundo. Do coração que passa a estar fora do corpo. Ser mãe é entender estar completa.
E tudo passou a ser l-i-n-d-o para a mãe babona aqui, encantada com o mundo das fraldas. Me tornei PhD em comportamento de bebês, fico deslumbrada com minha filha descobrindo o mundo e não passo mais um dia sequer sem que algo me emocione.

Em 2009, eu aprendi muito. Amei demais. Me senti completa e confirmei que ser mãe é a maior dádiva que pode existir no mundo.

Minha pequena Taly, você tornou minha vida muito mais animada, emocionante e doce.
Obrigada meu amor, por ter me tornado mãe. Obrigada por me emocionar com suas gargalhadas e descobertas. Obrigada por pedir colo (pois eu adoro te dar), obrigada por sorrir todas as manhãs. Obrigada por me ensinar o que é amor incondicional. Obrigada minha princesa, por ser o sonho realizado da minha vida.

Obrigada Be, amor, por aguentar meus hormônios saltitantes, crises, papos só-sei-falar-do-bebê e soutiens uóduboró beges de amamentação. Obrigada por estar ao meu lado e me achar linda quando eu não estava. Obrigada por me dar o maior presente que eu poderia receber e por me emocionar ao ver a família que formamos. Te admiro. Te amo.

Mãe amada, como eu te entendo agora. Obrigada por ter dedicado sua vida a nós. Amor de mãe é natural, mas todos os cuidados e carinho exigem uma doação enorme. Obrigada pelo amor incondicional, pelas tardes em casa preparando chá quando não me sentia bem. Pela preocupação, pela dedicação e por estar presente em absolutamente todos os momentos da minha vida. Pela noite em claro quando a Taly nasceu e por ter me feito companhia em muitas madrugadas enquanto amamentava. Você me ensinou o que é amor e ele será um presente para nossas próximas gerações.

Queridos, que em 2010 tenhamos sonhos muito doces, pois descobrimos que sim, eles tornam-se realidade.
Obrigada a todos que compartilharam este ano tão especial conosco.

Feliz ano novo!

9 de dezembro de 2009

Ontem, a Taly saiu de casa assim:


Roupinha rosa, florida e com lacinho na cabeça.
E eu tive que escutar: "é menino ou menina?"

Nada de cegonhas desempregadas

No elevador do shopping

- Ai, que linda sua filha
- Obrigada
- Qual o nome dela
- T-a-l-y
- E aí, muito trabalho? Eu quero encomendar o meu para o ano que vem... dá pra continuar fazendo compras com eles, essas coisas?

Então querida, minha filha tem seis meses e eu ainda não consegui. Em poucas tentativas frustradas, ela começou a reclamar ainda quando eu estava na primeira arara. Sabe, quando se sai com bebês, até fazer xixi requer certa logística. Em casa, é meu marido quem ainda está com a incumbência do supermercado. Não é por nada, mas sua vida vai virar de cabeça para baixo e fazer compras será um luxo, com infra-estrutura necessária.

- Ah, um pouquinho de trabalho, mas dá pra continuar sim.

Querida, eu?

Nota: querido leitor, ressalto que não tenho família morando na mesma cidade, nem qualquer ajuda como babá ou afim. Assim, meu caso pode não ser o seu. Não quero ter qualquer culpa na queda da taxa de natalidade no mundo.

Gente, vamos esclarecer: nada de posts dizendo "nossa, deve ser horrível ser mãe, do jeito que você fala". Situações como a acima são cômicas, não trágicas. Sem dramas, please.

8 de dezembro de 2009

Versão 2010

Parece que tudo vai entrando nos eixos. Pequena começou a comer papinhas e adora. Tem dormido durante o dia. Brinca. Fofa demais.
Daí cai a ficha. É chegada a hora da minha vida também voltar aos eixos. Chego no final do dia a-c-a-b-a-d-a e sonhando com uma caminha, mas preciso dar um estalo e me ativar.

Antes da pequena chegar, fazia jantarzinho especial às sextas, escutava música com o marido tomando um copo de vinho, saíamos no sábado para almoçar. Nada extaravagante, simplesmente programas de pessoas normais. Mas desde junho, quando as olheiras passaram a ocupar um espaço maior que o delimitado a elas, qualquer programação que não fosse um soninho, soava como piada.

É hora de mudar. A Nurit-mãe dará lugar à Nurit-mãe-mulher-esposa. Ufa. Cansei.

4 de dezembro de 2009

E após 6 meses, por ter passado a amamentar somente de manhã e à noite, aposentei os sutiens uoduboró de amamentação e voltei a vestir meus lindos, coloridos e rendados soutiens de bojo. Um tantinho apertados, mas estou fingindo que não, tamanha felicidade de poder exibir uma alcinha.