23 de dezembro de 2010

Feliz 2011

Ufa! Acabou. E cá estou eu novamente compartilhando este ano com vocês.
E que ano! Este reveillon passarei de branco. Paz, please!

Talvez meu principal aprendizado tenha sido jogar fora todas as planilhas e deletar o excel da minha lista de favoritos. A partir de agora, planejamento é dançar conforme a música.

Este ano meu coração apertou tantas vezes.
A começar pela adaptação da pequena na escolinha. Não, ela não ficou mal... ficou ó-t-i-m-a. Sem e apesar de mim. E lá estava eu, todos os dias às 16:58h na porta, esperando os longos dois minutos que faltavam para eu apertá-la e receber o maior e mais delicioso sorriso do mundo.
Mas dois meses depois, passei na UTI os piores dias da minha vida. Internar um filho é a dor mais forte que eu poderia imaginar existir. E nós, pais, vestimos uma armadura para sorrir, acalentar e tentar mostrar que está tudo bem, quando na verdade nosso coração está em frangalhos, vendo o serzinho que mais amamos ser cuidado de uma forma tão diferente da que cuidaríamos. Em hospital há pressa, há técnica, mas não há amor.
Passado o susto, com a pequena em casa, amada, beijada e ganhando montes de apertos e amassos, era hora do plano B, já que escola de novo, só com dois anos.
Só que o plano B, era babá, coisa que eu sempre fui ultra-hiper-mega contra. Mas como já venho mordendo a língua inúmeras vezes desde que me tornei mãe, assinei a carteira e treinei uma dita cuja que o tempo mostrou ser a pessoa mais pirada e mal-intencionada que já cruzou minha vida. E olha que em 2010 fiz 30 anos. E 360 meses já não é pouca história.

Pulando o capítulo delegacia, boletins de ocorrência, advogados e susto, muito susto, eis que mordi minha lingua novamente.
Sempre adorei criticar mulheres que paravam de trabalhar para serem mães em tempo integral. Que bela vida de dolce far niente, não? Não!
Filho precisa de mãe. E a minha estava precisando demais. Um pinguinho que recém apagava uma velhinha e passou por tanta coisa este ano.
Pára tudo que eu vou descer.
Trabalho a gente recupera. Vida profissional a gente retoma. Infância dos nossos filhos não. É agora. E passa muito rápido.
Tinha medo da nova descisão, mas estou feliz. E a Taly também. Em 2011 serei uma Nurit nova, que jogou fora esta história de ter que assumir mil papéis. Porque mil papéis a gente finge que assume e está sempre com a consciência pesada, sabendo que faltou um tanto aqui e outro tanto lá. Agora minha prioridade é cuidar do meu lar e dos meus amores.

Claro que em 365 dias acontece muita coisa, mas não é tudo que nos marca. E neste ano, compartilho com vocês o que me marcou e me mudou.
Como diz minha mãe, parceira especial e fundamental mais uma vez, neste ano loucura total, "na vida dá tempo pra tudo". E meu tudo agora é minha família.

Mais uma vez agradeço a você, meu grande amor, meu companheiro de vida, de sorrisos, lágrimas e de projetos. Be, te amo!

E assim, desejo que em 2011 possamos nos dedicar com amor a algum projeto especial. Eu escolhi o meu.

Feliz ano novo!

25 de novembro de 2010

Um lugar de mato verde

Quem me conhece sabe: sou fresca ao cubo.

Mas vim morar numa casa com muuuito verde e rodeada por terrenos mais verdes ainda, preservados pelo Ibama. Frequentemente sou visitada por lagartos enormes (pelo menos para mim, que até então tinha como referência as lagartixas), gambás, quero-queros e corujas.
Acho fofésimo, mas fecho a janela para não entrarem.
Até que resolvi dar naturalidade gaúcha à minha filha e criá-la em meio a todo este verde. Então, fecho a janela e ela grita "mama, api (abre): bichu". E se atira, sem medo, ri e bate papo com todos eles. Pisa na grama sem se importar com o que possa estar em baixo, sem nojo se a chuva tiver transformado a terra em barro, sem medo de ser feliz.

Fora da natureza, ela tem minha genética: detesta se sujar (tentei que ela não fosse assim, mas é sangue do meu sangue: só come com guardanapo para limpar a boca e engatinha recolhendo as sujeiras no chão "mama, cáca!"), mas este contato com a natureza acho maravilhoso.

Agora, quando bate a saudade das terras paulistas, penso na deliciosa infância que minha pequena está tendo e fico realizada.
Coloco ela para dormir feliz.
E vou correndo fechar as janelas.

5 de novembro de 2010

Se fosse bom, não era de graça

Minha pequena já está com um ano e cinco meses. Uma pequena mocinha. Fala tudo, entende tudo, meiga, carinhosa e fofa.
E as pessoas adoram perguntar "ela ainda não anda?".
Não, não anda. Vai andar, pode ter certeza.

E como se não bastasse a crítica, vem as sugestões. Sempre elas...
- Você já tentou dar andador?
- Você estimula?
- Você segura nos braços ou na axila?
Ah, esta maravilhosa enciclopédia que habita a mente alheia.

Estimulo sim, mas tenho a mais absoluta tranquilidade. Ela demorar para andar significa estar mais tempo no meu colo, mais tempo para eu curtir minha pequena mocinha.

Eu estou ótima. E ela também.

Mama´s SAP

Sempre fiquei intrigada com a tecla SAP que as mães tem.
Tenho um sobrinho que quando pequeno, falava palavras absolutamente ininteligíveis e lá vinha sua mãe "ele disse que quer água". Oi? Quando ele disse isso?
Ou era pura invenção, ou mais um daqueles mistérios que só a maternidade desvenda.

Hoje, alguns anos e uma filha depois, fico chocada como as pessoas não entendem as palavras claríssimas que a Taly fala.
Mama, ciá cau. Papau fofó. Ti aí. Não é absolutamente óbvio que ela disse que quer passear de carro, que a vovó mora em São Paulo e que o leite está ali?

Bom, para mim é.

7 de outubro de 2010

Profissão: mãe

Quando estava grávida, eu que sempre fui muito focada no trabalho, um tanto feminista na questão da nossa autossuficiência financeira, já fui à procura de um berçário para deixar a Taly.
A decisão pelo berçário era unânime aqui em casa e acabei optando por uma super bacana, com todos os pré-requisitos que esperávamos. A idéia era colocar a pequena já com quatro meses.

E então ela nasceu. E começou uma nova trajetória em nossas vidas onde a palavra 'planejar' adquiriu uma conotação um tanto mais etérea.

Com quatro meses ela era um pinguinho de gente. E calhou justamente numa época do ano em que meu trabalho era mais tranquilo. Resolvi esperar até os sete meses, quando ela era um pinguinho um pouco maior.
Já no berçário, começou a fase de todas as viroses do mundo. Ela ficava quatro dias bem e outros quatro doente. Com nove meses ela pegou uma bronquiolite fortíssima, com passagem pela UTI e tivemos que tirá-la do berçário. Para lá ela só volta após os dois anos.
Pânico. O trabalho urgia e promovi a moça que trabalhava em casa fazia um ano a babá. Para encurtar a história, a dita cuja surtou com direito a boletins de ocorrência, ameaças e advogado.

E assim, após muito pensar, tomamos uma decisão que antes parecia impensável para mim. Engaveto meu currículo por tempo indeterminado para tirar um 'período sabático' do trabalho, cuidar da minha pequena e do meu lar doce lar. Mais uma vez mordo a lingua, já que eu tanto criticava quem tomava esta decisão. Mas aprendi que criticar sem saber é prepotência pura.

Minha carreira espera. A infância da minha filha não. Ela precisa de mim agora. De amor de mãe, dos nossos princípios e cuidados.

E assim, inauguro - feliz da vida - uma fase deliciosa da minha vida. A da Nurit, mãe.

2 de setembro de 2010

Hoje... e amanhã

Sou uma pessoa extremamente ansiosa. Sempre vivi o hoje pensando no amanhã.
Mas como ser mãe muda tudo, eis que me vejo diversas vezes desejando que o tempo pare.

Quando a Taly era um bebezinho e ainda adormecia nos meu braços, tão pequena, tão aconchegada, olhava para aquele rostinho relaxado, bafejando doce no meu rosto e me sentia absolutamente plena. Certa noite, me dei conta de que aquele momento não duraria para sempre e desejei naquele instante que o tempo parasse. Não parou, mas consegui de alguma forma gravar cada detalhe em minha memória.
E assim é. Cada surpresa, cada carinho (e a Taly é muito doce) me fazia desejar jogar fora o calendário, os compromissos e o amanhã.

Mas hoje, quando fui escovar os dentes da pequena, ela olhou para mim, acariciou meu rosto, sorriu meiga como é, me abraçou e deitou nos meus ombros. E eu consegui entender que o tempo não pode parar, pois o amanhã reserva surpresas cada vez mais incríveis e deliciosas.

E o que eu passei a desejar é saber curtir intensamente cada momento com o melhor presente que a vida me reservou.

18 de agosto de 2010

Dar bronca ou dar risada

A hora do jantar da pequena requer um arsenal de criatividade.
Tudo na cozinha vira brinquedo, eu encarno uma cantora de primeira e quaisquer bichinhos que avistemos pela janela ganham tanta atenção, que são quase dignos de lâmpada dicróica no Louvre.
Então, quando já não tenho mais o que inventar para conseguir algumas colheradas a mais, começa a hora dela atirar tudo o que vê pelo chão. Eu digo 'nããão', ela faz uma cara sapeca e geralmente devolve ao local de origem.

Hoje ela estava com um pato de brinquedo enorme, ameaçando jogá-lo do alto de seu cadeirão e eu repetindo 'nãããão'. Até que viro a cara, ela atira o pequeno gigante, coloca a mão na boca e completa com um 'hihihi'. Eu tentei por tudo manter o semblante seríssimo, seguido por um discurso do tipo 'eu disse que nããããão', mas caí na gargalhada.
Não deu para aguentar um ser de 75cm, descobrindo as primeiras travessuras e ainda com seu 'hihihi'.
Sei que pagarei por isso mais tarde, mas por hora, a Super Nanny que habita meu ser deitou numa rede bebendo água de côco.

17 de agosto de 2010

Um caminho doce

Não deu outra. Ser mãe ocupou meu tempo, meu corpo, meu sono e meu coração. E eu, blogueira antiga, não conseguia pensar em nada mais para colocar na ponta do lápis - ou do teclado - que não fosse relacionado ao mini mundo.
A vida com filhos não deixa de ter pedras, desafios e desvios, mas é com certeza muito mais doce e colorida, como deliciosas jujubas.
E assim, o 'Canela com Pimenta' hibernou, dando lugar ao 'Estrada de jujubas'.

Espero que gostem e... sejam bem-vindos!
(As postagens abaixo foram trazidas do 'Canela com Pimenta')

27 de maio de 2010

Dúvidas de mãe

Lembra da mulher relativamente focada que costumava habitar seu corpo antes da maternidade? Pois é, foi embora levando sua cabeça livre de preocupações, seu sono em dia, sua classe e etiqueta. E sobra você, infinitamente mais feliz, mas com a cabeça cheia de dilemas:

- Encho a casa de câmeras e fico paranóica ou somente fico paranóica?
- Episódio inédito de Desperate Housewifes ou preencher o 'Livro do bebê'?
- Baby Einstein ou Backyardigans?
- Baby-sitter e balada ou baby-sitter e mais horas de sono?
- Salto básico e baixo ou salto alto e Dorflex?
- Estée Lauder ou Johnsons?
- Dar bronca ou dar risada?
- Almoço longo, com conversas e cheio de saudades ou almoço voando, com cadeirão, bagunça e gritos?
- Compras para mim e para ela ou para ela e para ela?
- Massagem e manicure ou aula de música infantil?
- Tentar assumir a 'super nanny' em público ou voltar para casa correndo?
- Pássaro e cachorro ou piu-piu e au-au?
- Domingo na cozinha ou papinha da Nestlé?
- Curtir a retomada de posse do seu peito ou ter mais um filho?
- Mimar demais e culpar a genética de ídiche mame ou mimar demais e pagar terapia mais tarde?

To be continued...

25 de maio de 2010

Lya Luft

A canção de qualquer mãe


Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.

Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.

(Fonte: Veja.com - Edição 2164)

13 de maio de 2010

Ser mãe é...

... Acreditar que é uma glória acordar às 7:20h
... Sentir-se absolutamente feliz quando seu filho não deixa nada no prato
... E arrasada quando ele quis apenas algumas colherinhas
... Achar que seu filho é absolutamente O MÁXIMO
... Vibrar com cada conquista, por mais insignificante que ela possa parecer aos outros
... Rir por dentro quando ele prefere seu colo ao de outra pessoa
... Acreditar que nada no mundo a faça tão feliz quanto as gargalhadas dele
... Não ter nojo de nada (no que diz respeito a ele, claro...)
... Nem lembrar das dores do parto
... Sentir-se às vezes completamente esgotada
... Sair sozinha e ter saudades alguns minutos depois
... Amar, amar e amar

Maioridade?

Já assumi aqui que não tenho o desprendimento de 'criar minha filha para o mundo'. Errada ou não, fazer o que? Nada que alguns anos de terapia mais tarde não possam resolver. Terapia para mim, vejam bem.

O que acontece, é que venho me conformando com a idéia de que esta terapia deverá ter início nos próximos meses. Minha filha adora ser independente. Não sei de onde veio isso (mas suponho que deva ser da mesma genética que conferiu a ela lindos olhos azuis).


Eu não posso acender a luz do quarto dela de manhã. Tiro a pequena do berço e um dedinho apontado já avisa "eu, mamãe" (não, ela ainda não fala, mas ser mãe inclui decifrar todo dialeto e/ ou linguagem corporal de suas crias).
Mamãe pentear o cabelo dela? Nem pensar!
Ensaboá-la? Ela faz sozinha.
Salpicar o conteúdo do remédio (em sachê) na comidinha? Já sabem, ela.
Nem mais sentada no meu colo ela quer ficar. Quer uma cadeira só dela, de mocinha.


O que é isso? Algum tipo de maioridade no mundo de bebês?

E o que mais me preocupa, é que minha mãe também não me criou para o mundo e cá estou eu, a kilometros e kilometros de distância.


Crise.


5 de abril de 2010

Praticando o desapego

E como eu esperava, a pediatra da Taly proibiu a escolinha até os dois anos.
Saí correndo para preencher o quadro de funcionários de casa (chique, não?), que agora precisa contar com babá. Eu sempre fui e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e contra babá. Vivia espalhando aos quatro ventos que meus filhos frequentariam berçário desde cedo para serem estimulados, falarem certo e conviverem com outras crianças. Mais uma vez mordi a lingua, coisa que ando fazendo frequentemente desde que tornei-me mãe.

Compramos brinquedos educativos, livrinhos e hoje iniciei a doutrina com a babá para ler histórias e estimular, na tentativa de evitar a saída fácil TV e brinquedos 'cantantes'.
A Pollyana que vive em mim está gostando da idéia da pequena ficar em casa, quentinha, na rotina dela e tendo deliciosas tardes de sono.

Eu é que ando praticando o desapego, pois preciso confessar que sou meio possessiva com a Taly. Na minha cabeça de ídiche mama, só eu sei cuidar dela, ler seus "sinais", respeitar sua rotina. Sei que é uma fantasia, mas não é fácil deixar de acreditar nela.

Enfim, cruzando os dedos para dar tudo certo. Afinal, minha conta bancária também anda praticando o desapego e a faceta 'Nurit profissional' está precisando mostrar as caras.

25 de março de 2010

Ter um filho na UTI

E eu senti meu coração parar. As palavras da médica soaram densas e eu olhava minha pequena, tão frágil, tão minha e só conseguia chorar.
É difícil descrever o que é ter um filho na UTI, mas resolvi tentar para ver se consigo expulsar toda angústia que anda entalada em minha garganta.

Internar um filho é a dor mais forte que eu poderia imaginar existir. Enquanto entrava com a Taly, que respirava com dificuldade e sentia-se fraca, não conseguia imaginá-la naquele lugar, quando existe uma casa, quentinha e aconchegante, esperando por ela. Mas lá estávamos. E lá passaríamos os próximos dias.
O visor mostrando a saturação e ela precisando de oxigênio. Por que ela teve que passar por isso? Por que não eu? Se existe alguma 'lei do destino', que experiência ela, com nove meses, pode ter absorvido?
E enquanto isso, nós, pais, vestimos uma armadura para sorrir, acalentar e tentar mostrar que está tudo bem, quando na verdade nosso coração está em frangalhos, vendo o serzinho que mais amamos ser cuidado de uma forma tão diferente da que cuidaríamos. Em hospital há pressa, há técnica, mas não há amor.
Carreguei todos os brinquedos da pequena, na expectativa de que a Suzy, a Júlia e o elefantinho pudessem distraí-la, mas a verdade é que ela já não aguentava ser tocada por tantas mãos estranhas.

Tudo passou e agora ela está em casa, amada, beijada e ganhando montes de apertos e amassos. E tenho certeza de que não se lembrará destes dias difíceis.
Mas em mim eles ficarão. Pesados, tristes e angustiantes. Que o tempo faça seu papel.

11 de março de 2010

Gente, o mundo das festas infantis é um planeta a parte, com cifras estratosféricas.
Só um bolinho é quase uma heresia aos ouvidos dos habitantes da festolândia, que falam a lingua do tem-que-ter.
Aguardem cenas do próximo capítulo...

4 de março de 2010

Prazer e compromisso

Uma das principais mudanças que a maternidade trouxe é a de prioridades.

Antes da minha pequena, trabalho estava acima de tudo e só cancelava algum compromisso em caso de letargia crônica, mas não sem ficar me remoendo "ai, deveria ter ido". Mesmo nas épocas de baixa sazonal, quando ganharia mais sentando em casa e tomando uma xícara de chá, lá estava eu em frente ao computador ou de um cliente. Esquema CDF mesmo.

Esta semana a Taly ficou doente duas vezes. Na segunda com um resfriado e hoje, com um problema no braço. E faz nove meses que minha prioridade um, dois, três, quatro e cinco é ela. Não hesitei e cancelei todos os compromissos, explicando a situação e podendo apenas torcer para que quem estivesse do outro lado da linha entendesse. Mas sem dor nenhuma na cosciência, pois se não entendesse, uma pena. Faz nove meses que qualquer brecha na agenda é preenchida com minhas recém descobertas habilidades de atriz e cantora, brincando com minha pequena, longe do computador e de compromissos diversos.

Antes de ter filhos eu já conhecia o argumento das prioridades na teoria, mas na prática ele é incrivelmente libertador, pois pela primeira vez prazer passou a estar acima de compromisso.

Te amo minha princesa!

27 de janeiro de 2010

Bem que disseram...

Bem que disseram que um filho geminiano vale por dois. Bem que disseram para que eu não tentasse engravidar em setembro. Mas ignorando todos os conselhos, lá fui eu. E pimba: uma filha geminiana. Linda, fofa, deliciosa. Mas geminiana.

Eis que hoje, após uma noite (e madrugada) de preocupação pela filhota vir recusando-se a mamar e após abortar, aconselhada pelo marido, a operação rumo ao hospital em plena madrugada, movida por berros estridentes da pequena, fiz uma via crusis por médicos. Num canto da cidade, a pediatra, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, lamentava "minha filha não come, há algo errado". "Nurit, acabo de examiná-la e está ótima". Noutro canto da cidade, a gastro, que num encaixe, demorou hooooras para me atender. E eu, com um bebê gorducho e sorridente no colo, suplicava por uma solução, como uma típica ídiche mama louca e caricata. "Nurit", responde a gastro, "desta vez não é alergia, o caso é simples: sua filha desenvolveu uma característica e tornou-se seletiva".

Resumo da ópera: tenho uma filha de oito meses que decidiu, assim, por conta própria, que pode não ser interessante tomar leite à noite. Afinal de contas, ela exige uma dieta balanceada e precisa avaliar situação a situação, dia após dia. Hoje pode estar a fim, pois cairá bem com a janta de papinha de batatas. Já amanhã pode não combinar com o aipim. Pode?


Fofa da minha vida

Duas estórias

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe ficou muito segura, vendo que sua cria estava em ótimas mãos e feliz, seguiu sua rotina em paz.

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia, a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe não acreditava. Tinha certeza de que sua filha seria daquelas que esperneariam como a suplicar "mamãe, mamãe, volte, não vivo sem você". Mas não, lá estava ela divertindo-se apesar de sua ausência. No carro, ao tentar retomar sua rotina apesar da saudade que esmagava seu coração, sentiu as lágrimas inundarem seu rosto ao pensar em sua filha viajando sozinha, saindo de casa, sendo independente. Aquilo levaria muitos anos, mas o cordão umbilical, gostasse ela ou não, já fora cortado.

Fim. Ou não.