25 de março de 2010

Ter um filho na UTI

E eu senti meu coração parar. As palavras da médica soaram densas e eu olhava minha pequena, tão frágil, tão minha e só conseguia chorar.
É difícil descrever o que é ter um filho na UTI, mas resolvi tentar para ver se consigo expulsar toda angústia que anda entalada em minha garganta.

Internar um filho é a dor mais forte que eu poderia imaginar existir. Enquanto entrava com a Taly, que respirava com dificuldade e sentia-se fraca, não conseguia imaginá-la naquele lugar, quando existe uma casa, quentinha e aconchegante, esperando por ela. Mas lá estávamos. E lá passaríamos os próximos dias.
O visor mostrando a saturação e ela precisando de oxigênio. Por que ela teve que passar por isso? Por que não eu? Se existe alguma 'lei do destino', que experiência ela, com nove meses, pode ter absorvido?
E enquanto isso, nós, pais, vestimos uma armadura para sorrir, acalentar e tentar mostrar que está tudo bem, quando na verdade nosso coração está em frangalhos, vendo o serzinho que mais amamos ser cuidado de uma forma tão diferente da que cuidaríamos. Em hospital há pressa, há técnica, mas não há amor.
Carreguei todos os brinquedos da pequena, na expectativa de que a Suzy, a Júlia e o elefantinho pudessem distraí-la, mas a verdade é que ela já não aguentava ser tocada por tantas mãos estranhas.

Tudo passou e agora ela está em casa, amada, beijada e ganhando montes de apertos e amassos. E tenho certeza de que não se lembrará destes dias difíceis.
Mas em mim eles ficarão. Pesados, tristes e angustiantes. Que o tempo faça seu papel.

11 de março de 2010

Gente, o mundo das festas infantis é um planeta a parte, com cifras estratosféricas.
Só um bolinho é quase uma heresia aos ouvidos dos habitantes da festolândia, que falam a lingua do tem-que-ter.
Aguardem cenas do próximo capítulo...

4 de março de 2010

Prazer e compromisso

Uma das principais mudanças que a maternidade trouxe é a de prioridades.

Antes da minha pequena, trabalho estava acima de tudo e só cancelava algum compromisso em caso de letargia crônica, mas não sem ficar me remoendo "ai, deveria ter ido". Mesmo nas épocas de baixa sazonal, quando ganharia mais sentando em casa e tomando uma xícara de chá, lá estava eu em frente ao computador ou de um cliente. Esquema CDF mesmo.

Esta semana a Taly ficou doente duas vezes. Na segunda com um resfriado e hoje, com um problema no braço. E faz nove meses que minha prioridade um, dois, três, quatro e cinco é ela. Não hesitei e cancelei todos os compromissos, explicando a situação e podendo apenas torcer para que quem estivesse do outro lado da linha entendesse. Mas sem dor nenhuma na cosciência, pois se não entendesse, uma pena. Faz nove meses que qualquer brecha na agenda é preenchida com minhas recém descobertas habilidades de atriz e cantora, brincando com minha pequena, longe do computador e de compromissos diversos.

Antes de ter filhos eu já conhecia o argumento das prioridades na teoria, mas na prática ele é incrivelmente libertador, pois pela primeira vez prazer passou a estar acima de compromisso.

Te amo minha princesa!